terça-feira, 17 de abril de 2012

Marilia de Dirceu tem sua história recontada em romance biográfico

Após o sucesso de Cogumelo de Espuma que já teve os direitos de publicação vendidos na Espanha (Incógnita Editorial) e nos Estados Unidos (Portfolio GM), a escritora Staël Gontijo, também premiada em 2011 com o conto “Jardin des Âmes” pelo prestigiado Institut Litteráire – Sorbonne Nouvelle (Universidade Sorbonne) lança, pela Editora Gutenberg, o seu próximo livro “Marília de Dirceu – A inconfidência, a musa e a vida privada em Ouro Preto no século XVIII”. O
evento será no dia 28 de abril, 11 horas, na livraria Café com Letras (rua Antonio de Albuquerque, 781 – Savassi – Belo Horizonte).
Maria Dorothea Joaquina de Seixas se tornou figura emblemática pelos versos escritos por seu grande admirador, o poeta símbolo do Arcadismo, Thomaz Antônio Gonzaga (1744-1810), na obra Marília de Dirceu. Muito do que se sabe sobre essa musa inspiradora consta nas palavras do poeta que, entre decassílabos e redondilhas, homenageou a força dessa mulher fascinante. Tendo como pano de fundo a Inconfidência Mineira, a obra busca mostrar outra face desta mulher marcante, à frente de seu tempo, que sofreu – e superou – os preconceitos de sua época: o sexual, como uma mulher que viveu 85 anos de um século que se pautou pelo machismo; o social, como noiva de um inconfidente, e depois como solteirona reclusa em seu mundo de perdas; e o religioso que a confinou à solidão de uma vida casta. Passando por cima de tudo isso, realizou com dignidade rara uma ascensão estável naquela sociedade paternalista e foi considerada uma celebridade de quem até o imperador quis beijar a mão.
Diante do obstáculo da escassez de dados, a autora mergulha no pequeno vilarejo de Vila Rica, como ela explica na introdução ao livro: “Ao moldar versos à pesquisa histórica, encontrei uma Vila Rica pululante, onde pude ouvir o trote dos cavalos adentrando nas vielas; as carruagens rangendo desesperadas na fuga de ladrões sedentos de ouro. Caminhei por praças abarrotadas de sinhás em seda e tafetá, refresquei-me em chafarizes ornados de escravas buliçosas. Senti os aromas pitorescos do fogão a lenha, aquecido pela marcação dos sinos. Lastimei o açoite de escravos ao raiar do dia, e os segredos de alcova que as noites encobriam”.
Debruçando-se em uma sociedade que chegou a ser comparada com Londres e França de sua época, Staël Gontijo nos encanta com a complexidade desta personagem em um relato claro e verdadeiro sobre o caráter e a evolução pessoal da mineira que ganhou uma das mais apaixonadas poesias de todos os tempos.